sexta-feira, 29/março/2024
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Sai seleção entra eleição

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Agora que a Copa acabou, está na hora de cuidar do Brasil real, que está esperando, cansado, combalido, do lado de fora dos estádios. Os feriados do torneio atrapalharam ainda mais a economia. O crescimento do PIB já cai para 1%; a indústria se afoga; os lojistas se queixam de que as vendas despencaram; aviões e hotéis não ficaram lotados como se esperava e até a poupança caiu, já que povo endividado pelo estímulo às compras, agora paga juros altíssimos. Por uns tempos, confundimos Brasil com seleção de futebol. Agora que a seleção afundou, temos que impedir o naufrágio do país. A política econômica errática tirou a confiança de investidores e fica na lembrança a constatação expressada pela presidente: “Meu governo é padrão Filipão” – no desejo de contestar as críticas sobre o tal padrão Fifa.

O jogo entre as equipes da Alemanha e do Brasil foi o retrato das diferenças. Uma equipe organizada e com resultados, como o país que representa; a outra, bagunçada e sem resultados, como a nossa Tropicália. Duvido que aprendamos a lição; a História mostra que preferimos contrariar o que os positivistas republicanos escreveram no centro da nossa bandeira. Confundimos brasil com Brasil. Será que a vértebra de Neymar é mais importante que a coluna vertebral do trabalhador brasileiro que é curvada ante o peso da falta de bons hospitais, escolas libertadoras, segurança que intimida, esmolas estatais que humilham, transporte coletivo que esmaga e corrupção que ofende?

Agora que começa a campanha eleitoral, imagino que devemos fiscalizar e cobrar nossos eleitos com a mesma severidade com que fiscalizamos e cobramos do Filipão e do Fred. Como a palavra goal significa meta, alvo, será que o nosso gol agora vai ser a urna eletrônica? Será que nosso voto vai balançar as redes da corrupção, da mentira, da falsidade, da demagogia, da esperteza? Ou vamos continuar eclipsados pelo futebol, o carnaval, o lúdico, e vamos deixar de perceber que nossas vidas só melhoram se nos politizarmos e integrarmos todos a zaga, a defesa, do país real?

O brasileiro tem boa alma, é gentil, quer o bem do próximo, mas também é ingênuo, cordato, fácil de ser influenciado. E mergulha de corpo e alma na ilusão do futebol. Não creio que representem o país esses jogadores milionários que, em sua maioria, nem trabalham no Brasil. Tampouco confundo símbolo da seleção com o símbolo do meu país. Depois que a Copa terminou, comprei bandeiras, pela metade do preço,  para botar no carro na Semana da Pátria, que comemora o aniversário do Brasil verdadeiro. Será que vamos enfeitar nossas casas e lojas nas comemorações da Independência? E será que vamos colorir o país de verde-e-amarelo nas vésperas da eleição? Vai ser o crucial momento de escalarmos uma seleção para nos representar

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