quarta-feira, 17/abril/2024
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40 anos – 2

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Continuando a narrativa da história de Mato Grosso e a minha pessoal nesses 40 anos que completarei morando aqui, no próximo dia 25, gostaria de falar um pouco hoje sobre o espírito humano e cultural daquele momento. População pequena, território imenso, economia resumida à pecuária do Pantanal, com sede de seu poder econômico e político em Campo Grande. Cuiabá e as demais cidades do Norte do estado viviam de um grande sonho de futuro, configurado no slogan da gestão Garcia Neto (1975/1978): "Mato Grosso – Estado Solução". As cidades eram bem pequenas e viviam de economias muito locais, sem maiores perspectivas. Cuiabá, por exemplo, tinha 100 mil habitantes. Tudo girava em torno do poder público, e este em torno do governo federal.

Em 1973 o governo do presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, decidiu implantar a "Marcha para o Oeste" e ocupar a Amazônia, partindo de Mato Groso pro Norte, no que chamou de "Integrar pra não entregar". O país vivia a paranóia militar da segurança. Porém, a Amazônia sofria mesmo ameaças internacionais de ocupação, fora a possibilidade de invasão do socialismo no Brasil através das fronteiras vazias. Cuiabá foi o suporte pras ocupações de pólos de colonização na Amazônia, a exemplo de Sinop, Colider, Alta Floresta, Juara, Porto dos Gauchos, Juina, etc.

No Leste, o mesmo espírito facilitou a vinda de colonos gaúchos, através da ação de cooperativas sociais como a Coopercana, liderada pelo pastor luterano Norberto Schwantes, um grande líder visionário. Na verdade, Mato Grosso efervescia de projetos para o futuro, dentro de um presente muito pobre. Tive a oportunidade de viajar e de cruzar o Mato Grosso inteiro por muitas e muitas vezes. Tanto o Sul como o Norte, o Leste e o Oeste. Havia mesmo sonhos e mais sonhos num ambiente econômico hostil e pobre. De quebra, as pressões políticas vindas de Campo Grande, de olho na separação e na criação de um estado ao Sul. O ambiente político também era hostil entre as duas regiões. Ou melhor, entre Cuiabá e Campo Grande. Depois, continuei viajando até hoje. Vi e revi tudo.

Finalmente, a divisão aconteceu a partir de 1º de janeiro de 1979 lá, e 15 de março aqui. Vida nova nos dois estados. No próximo artigo gostaria de falar das diferenças da gente daqui e da gente de lá e as diferenças no progresso de ambas, por conta disso.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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