sexta-feira, 19/abril/2024
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Dia mundial da água

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Durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, a ONU estabeleceu o DIA MUNDIAL DA ÁGUA, a  ser comemorado todos os anos em 22 de março, como uma forma dos países e as pessoas  refletirem sobre a importância  deste precioso líquido para todas a atividades humanas e , inclusive, para a própria sobrevivência da humanidade.

A primeira comemoração do DIA MUNDIAL DA ÁGUA ocorreu em 1993 e, nesses  22 anos, a ONU  tem insistido sobre a importância  deste assunto. A  cada ano é  escolhido um tema  que esteja relacionado com a água, para despertar a consciência planetária de que este é  um recurso finito e muito escasso, devendo assim ser tratado com muita parcimônia, responsabilidade e  racionalidade.

Existe um provérbio que afirma ”se não  economizar, vai faltar”, isto se aplica a todos os setores da vida humana, principalmente `a água. O desperdício, a  falta de planejamento, a  falta de racionalidade no uso dos recursos naturais, inclusive  da água, podem  comprometer a qualidade de vida das próximas e futuras gerações.
Alguns analistas do cenário internacional afirmam  que em um futuro talvez mais próximo do que a gente imagina uma das causas de conflitos entre países  e dentro desses entre  regiões,  estados e municípios pode ser a água. E isto já começa a fazer parte do nosso cotidiano.

Quem imaginava há 20 , 30 ou 50  anos que  praticamente todas as regiões metropolitanas do Brasil, incluindo as tres  maiores, São Paulo, Rio de Janeiro e BH,  estariam sofrendo pela  falta de água e na esteira praticamente todas as capitais e cidades com mais de 250 mil habitantes.

Os reservatórios das  hidrelétricas  também  estão  abaixo da capacidade  e a  falta de água nos mesmos pode comprometer  a geracão  de eletricidade, agravando ainda mais a crise energética nacional. A nossa matriz elétrica depende de 66% das hidrelétricas. Ao longo de anos nossos governantes não tiveram a capacidade de planejar o uso mais efetivos de outras fontes energéticas.
Assim, o Brasil depende de água para movimentar seu Sistema produtivo, principalmente no setor  agropecuário, que consome 70% da água disponível, além  do consume humano e  também  para gerar  eletricidade.
Afinal, desde crianças  aprendemos que o Brasil tem um dos maiores, talvez o maior, potencial hídrico  do mundo, só que este potencial fica na  região norte e na amazônia legal, onde a quantidade de habitantes  é bem menor do que outras com os maiores contingentes populacionais, incluindo a região nordeste que há quase dois séculos convive com o drama da seca, colocando  mais de 55 milhões  de habitantes neste sufoco.
Podemos dizer que atualmente que mais de 100 milhões de pessoas nas diversas regiões e cidades  brasileiras  vivem sob o espectro da escassez  ou da falta de água e esta realidade é decorrente  tanto dos problemas  climáticos quanto da falta de planejamento, do desperdício e do uso inadequado da água, apesar de nossos governantes dizerem aos quatro ventos que 95% da população é servida regularmente com água  tratada e boa qualidade, mais uma meia verdade ou mentira propalada pelas nossas  autoridades.
A água é importante e  está na matriz do desenvolvimento, razão pela qual este ano a ONU destacou como tema ÁGUA  E SUSTENTABILIDADE, estimulando nossas  reflexões sobre esta importante  questão,destacando seis  aspectos: 1) água é saúde; 2) água é natureza; 3) água é urbanização; 4) água é indústria; 5) água é alimento; e, 6) água é equidade,  enfim, água é vida plena, com qualidade, justiça e para todos.
Segundo dados recentes da ONU mais de 748 milhões de pessoas não têm  acesso `a água de qualidade para o consumo humano  e 2,5  bilhões não tem acesso ao saneamento básico, aspecto umbilicalmente  relacionado com o abastecimento de água. No Brasil, em torno de 132 milhões de pessoas também  não tem acesso ao saneamento,  são milhões que vivem nas  favelas, hodiernamente denominadas de “comunidades”, habitações  sub-humanas,  nas periferias urbanas  e nas  áreas rurais.

Só para  atender a parcela da população mundial que não tem acesso ao saneamento básico  seriam necessários mais de 550 bilhões de dólares, importância muito distante de ser investida pelos países, chegando-se `a  conclusão de que a qualidade de vida e a saúde continuarão precárias a praticamente   quase 40%  da população mundial, inclusive  uma parcela enorme  da população brasileira.

De  acordo dados  recentes da ONU, de 2013, apontam que a cada 15  segundos uma criança morre no mundo por não ter  acesso a água de qualidade  e aos serviços de saneamento básico. Isto representa mais  de um milhão de crianças que morrem antes de completarem  cinco anos de idade. Desde que a ONU estabeleceu o DIA MUNDIAL  DA ÁGUA,  em  1.992,  em 23 anos, já  morreram mais de 241,8 milhões  de crianças, de forma prematura e por causas totalmente evitáveis, caso os governos de todos os países  deixassem de roubar um pouco do dinheiro público e , de fato, atendessem  as necessidades e os direitos da população. Esta é, com certeza, uma das maiores tragédias de nosso tempo, muito pior do que todas as guerras e conflitos dos últimos cem anos.

É a morte silenciosa que dizima a população pobre, excluida, vilipendiada. Enquanto isso nossos governantes continuam com seus discursos e outras formas de manipular exatamente  esta população  mais sofrida  e menos  esclarecida.

Este DIA MUNDIAL DA ÁGUA é mais um momento para refletirmos que tipo de desenvolvimento desejamos, como e o que devemos fazer para que de fato á água  seja um bem de todos e não apenas de uma parcela da população. Afinal, todos somos filhos de Deus  e temos o direito a uma vida mais dígna, independente de onde moramos, de nosso  status sócio-econômico, de nosso  gênero, de nossa  religião  ou da cor de nossa pele!
Sem água não tem alimentos, não tem energia, não tem saúde, não tem Sistema produtivo. Água é fundamental na vida das pessoas e dos países!

Juacy da Silva, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
[email protected]
www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy

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